Além de ser conhecida como a Invicta, sabias que o Porto é a cidade das Camélias? Pode soar estranho, mas isso é porque ainda não conheces a verdadeira história em torno desta expressão.
Tal como deves saber, o Porto, há uns séculos atrás, era um dos principais portos de mercadorias da Europa. Por isso, não era de estranhar que, além das mercadorias, existissem muitos portuenses abastados, o que lhes permitia viajar com alguma frequência para o exterior.
Durante as viagens ao estrangeiro, muitos eram aqueles que se encantavam com o que por lá viam e, assim, traziam para a Invicta o que mais gostavam. Foi o caso das camélias, que na altura eram bastante exóticas. Dado a esse fenómeno, o Porto passou a ser conhecido como o Porto das Camélias e, inclusive, passou a contar com um festival dedicado a esta espécie. Mas existe toda uma história que tens de conhecer para entender a origem desta expressão.
Agora que já tens uma apresentação feita ao tema, que tal continuares a ler o artigo? Vais conseguir entender melhor a origem da expressão Porto das Camélias desde o seu surgimento até à atualidade.
Afinal, porque se usa a expressão Porto das Camélias?
Embora a camélia seja uma flor de origem asiática, mais concretamente de países como a China ou o Japão, foi no Porto que ela encontrou pousio. Mas há mais detalhes que tens de descobrir sobre esta longa e interessante história.
As camélias chegaram ao Porto em 1810
De acordo com alguns registos históricos, as camélias chegaram à Invicta por volta de 1810. Foram encomendadas de Inglaterra por Luís de Van Zeller para que pudessem crescer nos jardins públicos e privados da cidade.
Este acontecimento não é estranho, uma vez que no Porto havia uma forte presença britânica devido ao comércio do Vinho do Porto. Por isso, e uma vez que foi em Inglaterra, em 1739, que surgiu a primeira camélia, não seria de estranhar que, mais tarde ou mais cedo, a flor viesse parar ao Porto.
Por que motivo as camélias vieram parar à Invicta?
Há fortes motivos para que esta espécie viesse parar ao Porto. De acordo com Joana Andersen Guedes, antiga presidente da Associação Portuguesa de Camélias, como os portuenses com mais posses tinham a possibilidade de viajar para o exterior, era normal trazerem costumes, objetos e espécies que gostassem. Foi isso mesmo que aconteceu as camélias: como à época eram consideradas exóticas e muito vistas nas feiras internacionais, a família Van Zeller quis trazê-las, no início do século XIX, para a Quinta de Fiães. Contudo, não foram os únicos: a família Allen também as trouxe para os jardins da Quinta Vilar d’Allen, construído em XVII e de inspiração romântica, que, além das camélias, contava com inúmeras japoneiras.
“O Porto é como um rio correndo entre camélias”
Apesar de não parecer, as camélias adaptaram-se de forma rápida ao clima de temperaturas amenas e aos solos ácidos da Invicta. Aliás, o poeta Giusuè Carducci, numa visita que fez ao rei Carlos Alberto, exilado no Porto, fez questão de registar o sucesso das camélias no Porto em 1849: “Porto é como um rio correndo entre camélias”.
Horticultor portuense dá maior destaque às camélias no Porto
Embora tenha vindo pelas mãos da família Van Zeller, o auge desta espécie dá-se pelas mãos do portuense José Marques Loureiro, horticultor que, na época, detinha a maior coleção de plantas do país.
Com diversos contactos com a elite portuense e com diversas relações comerciais no estrangeiro, foi José Marques Loureiro que deu maior expressão à horticultura da Invicta. Encomendou diversas espécies exóticas de camélias para plantar no seu Horto da Quinta das Virtudes e, em 1865, participou na Exposição Internacional no Palácio de Cristal.
Nessa exposição, o horticultor portuense reproduziu a árvore genealógica da Casa Real de Bragança com camélias de ceras com os nomes de cada membro da família. Posteriormente, em 1870, lançou o Jornal de Horticultura Prática, onde apresentou diversas gravuras da Camélia Portuense Princesa Real. Antes, em 1944, publicava o Jornal Portuense, no qual identificava 38 variedades de camélias do Porto!
Porto das camélias no século XX
Durante o século XX, as camélias caíram no esquecimento para depois, nas últimas décadas, voltarem a ser recordadas. Assim nasceu a primeira exposição de camélias no Porto, em 1984. Desde então, a Câmara Municipal do Porto organizada um programa completo e extenso dedicado exclusivamente a esta espécie. Além de exposições, costumam existir concertos e roteiros turísticos pela cidade.
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FAQ's gerais:
Afinal, porque se usa a expressão Porto das Camélias?
Embora a camélia seja uma flor de origem asiática, mais concretamente de países como a China ou o Japão, foi no Porto que ela encontrou pousio. Mas há mais detalhes que tens de descobrir sobre esta longa e interessante história.
Porto é uma boa cidade para conhecer?
Sim, cada rua tem a sua própria mística e história que deves ficar a conhecer.