Lendas portuguesas – As lendas mais populares e urbanas que deves conhecer

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Sabias que as lendas portuguesas aliam factos históricos a factos fictícios que descrevem, por exemplo, o nome de algumas cidades? 

À semelhança do que acontece com as lengalengas, as lendas são transmitidas de geração em geração, não se sabe se as lendas foram ou não verdade. Tudo o que se sabe é que, no nosso imaginário, estão associadas a milagres ou a acontecimentos sobrenaturais e que resultaram na criação ou nos nomes de algumas cidades. 

Nesse sentido, partilhamos contigo algumas lendas portuguesas que poucos conhecem, incluindo tu! Por isso, continua a ler e deixa-te encantar por estes contos cheios de factos mágicos. 

Lendas portuguesas que poucos conhecem

Sabias que existe uma lenda associada ao surgimento da Serra da Estrela? E que a Lagoa das Sete Cidades nasceu do amor entre um pastor e uma princesa? Bom, pelo menos é o que as lendas rezam. Queres saber mais? Então lê o resto do artigo até ao fim para te surpreenderes e ficares a conhecer melhor a história por trás de cada uma destas narrativas!

Boca do Inferno

Reza a lenda que, em tempos, existiu um castelo em Cascais que foi habitado por um bruxo malvado. Ele escolheu a mais bela donzela para se casar, contudo, ao vê-la em pessoa, decidiu prendê-la, tantos eram os ciúmes loucos que tinha por ela.

Assim sendo, a donzela ficou confinada a uma torre solitária, com um cavaleiro de guarda, sem nunca se poderem ver. No entanto, foram falando ao longo dos anos, fazendo companhia um ao outro, até ao dia em que o cavaleiro decidiu subir a torre para ver a sua amiga. Quando ele abriu a porta, ficou encantado com a sua beleza, tendo-se enamorado por ela.

Depois o encontro, os apaixonados decidiram fugir a cavalo, esquecendo-se que o bruxo enfeitiçara a donzela e de tudo sabia. Por isso, o feiticeiro, enraivecido e sedento de vingança, invocou uma tempestade fortíssima que atingiu os rochedos por onde os amantes fugiam. Os rochedos abriram-se como uma boca, e as águas engoliram a donzela e o cavaleiro.

Como esse buraco nunca mais fechou, a população começou a chamar-lhe Boca do Inferno, pelo destino infeliz que o par teve.

Lenda da Serra da Estrela

Havia um pastor que todas as noites se encontrava com uma estrela no alto da serra. Certo dia, o Rei ouviu dizer que o pastor falava com essa estrela. Ao saber disto, o Rei mandou chamar o pastor para lhe propor que trocasse a sua estrela por uma riqueza. Contudo, o pastor negou, dizendo que preferia continuar a ser pobre a perder a sua estrela.

Assim que voltou à cabana no alto da serra, o pastou ouviu a estrela a dizer que tinha receio de ele se entusiasmar e se deixar levar pelo dinheiro, deixando-a ir para as mãos do Rei. Mas o pastor garantiu-lhe que mais vale uma amiga do que muito dinheiro. Proferiu ainda que, dali em diante, aquela serra se chamaria Serra da Estrela. Até aos dias de hoje se diz que no alto da serra há uma estrela que brilha de maneira diferente, estando à procura do velho pastor.

Conhecido como um rapaz talentoso, fizemos uma seleção das melhores anedotas do joãozinho.

Lenda da Costureirinha

Segundo se conta, no início do século XX, havia no Baixo Alentejo uma costureira que trabalhava muito, incluindo ao domingo. Por não respeitar o dia sagrado segundo a tradição católica, Deus castigou-a e fez com que andasse a vaguear no mundo dos vivos, depois da sua morte.

Além desta versão, existe uma outra, em que esta costureira tinha feito uma promessa a S. Francisco, em vida, e nunca a cumpriu até morrer. Assim, deveria redimir-se, passando um período de errância, antes de subir aos céus. Embora não saiba o motivo, a verdade é que a costureirinha se tornou alma-penada e vagueava entre os vivos, invisível.

Quando chegava a noite, a costureirinha era ouvida a coser, e alguns ouviam a máquina a trabalhar, o dedal a cair ou a tesoura a cortar. Apesar de tudo, esta assombração não assustava os alentejanos, pois eles estavam familiarizados com a costureirinha.

Lagoa do Negro

Sabes como é que é que a Lagoa do Negro, na Ilha Terceira, nos Açores, apareceu? Segundo a lenda, há séculos, existia uma família nobre na Terceira, que tinha escravos negros. Uma vez que a única filha do patriarca era submissa e receava o pai, aceitou, sem questionar, um casamento imposto. No entanto, apaixonou-se por um escravo, que também a amava.

Um certo dia, uma aia que seguia a morgada para todo o lado, ouviu os apaixonados a falar do seu amor, e foi contar ao seu amo. Este, enraivecido, ordenou que se prendesse o escravo. O escravo, ao ouvir cães de caça e cavalos ao longe, percebeu que o buscavam e pôs-se em fuga.

Entre os montes e vales, o escravo andou até não mais conseguir correr, e deixou-se cair em desespero. Reza a lenda que o escravo começou a chorar tanto e com tanta tristeza, que as suas lágrimas fizeram nascer uma lagoa à sua frente. Dado que estava a ouvir os cavalos cada vez mais próximos, decidiu correr colina a acima, atirando-se para a lagoa, onde morreu afogado.

Lenda da Senhora da Lapa

De acordo com a lenda, a imagem da Nossa Senhora da Lapa apareceu num penedo de difícil acesso na Beira Alta. Face a isto, os seus devotos construíram-lhe um templo num local mais acessível, porém, a imagem da Senhora teimava em fugir para o seu penedo. Isto aconteceu tantas vezes que os devotos fizeram a vontade à Virgem e construíram-lhe uma capela no penedo.

Diz-se ainda que um dia um peregrino adormeceu junto à capela e que uma cobra lhe entrou pela boca. O homem acordou e invocou no seu pensamento a Senhora da Lapa. De imediato a cobra virou a cabeça e saiu para fora da boca.

Lenda da Senhora que Passou

Numa freguesia chamada Paçô, em Vila Verde, Braga, houve um amor impossível. Segundo reza a lenda, um certo dia, pai e filha, Joana, caminhavam pela estrada quando resolveram parar para descansar. Nessa paragem, Joana desceu a um riacho para beber água. Para espanto da jovem, o riacho falou-lhe, com voz de homem.

Assustada, ouviu o que riacho lhe dizia, alegando que se tinha transformado em água para a seguir. Assim sendo, pediu à jovem Joana que lhe beijasse as águas e dissesse baixinho “Amor”, para selar a promessa. A jovem assim fez, mas de seguida correu para o pai que a chamava.

À noite, enquanto o pai dormia, Joana esgueirou-se para ver se o riacho a seguira. Ao descer, deparou-se com um rio! Assim sendo, a jovem pediu ao rio que se mostrasse na forma de homem. No momento em que o rio se fazia homem, o pai de Joana apareceu e, vendo a filha com um rapaz, ficou enraivecido e levou-a para longe. 

Segundo o povo, no dia seguinte, ouviam-se lamentos com voz de homem vindos dos lados do rio, que perguntava sempre: “A senhora passou por aqui? Passou?”. Desde então, o lugar ficou conhecido como Passô, e o rio chamou-se Rio Homem. A

pesar de não se ter sabido de mais nada sobre a Joana, a sua memória continua viva em Vila Verde.

Lenda da Lagoa das Sete Cidades

De acordo com esta lenda, onde atualmente se situa a freguesia das Sete Cidades, existiu um grande reino. Lá viveu uma bela e bondosa princesa, com olhos azuis. Ela chamava-se Antília.

Segundo consta, a princesa gostava da vida campestre, dedicando-se aos passeios pelos campos para apreciar a natureza. Ora um dia, durante esses passeios, Antília passou por um prado onde pastava um rebanho. Perto estava um pastor de olhos verdes com quem a princesa decidiu conversa. Desde então encontravam-se todos os dias para conversar.

Com o passar do tempo, os dois jovens aproximaram-se e acabaram por se apaixonar. Contudo, o Rei não gostou deste romance da princesa com o pastor. Tal como seria de esperar, ele queria que a filha se casasse com um príncipe dos reinados vizinhos. Por isso, proibiu-a de voltar a ver o pastor.

Embora a princesa tenha aceitado esta decisão cruel do Rei, pediu-lhe que a deixasse ver o pastor pela última. O rei aceitou o pedido.

Assim os jovens encontraram-se pela última vez nos campos onde se tinham encontrado. Falaram sobre o seu amor e também pela separação imposta pelo Rei, acabando por chorar. Por terem chorado tanto, cresceram duas lagoas junto aos seus pés. Das lágrimas que caíram dos olhos azuis da princesa nasceu uma lagoa de água azul. A outra era de cor verde e nasceu das lágrimas derramadas pelos olhos verdes do pastor.

Apesar de os dois apaixonados não terem vivido juntos para sempre, as lagoas nascidas das suas lágrimas permaneceram sempre juntas e nunca se separaram.

Tal como te dissemos, estas são apenas algumas das lendas portuguesas que compõem a História do nosso país. Aliás, é garantido que exista pelo menos uma lenda associada a cada cidade portuguesa, por isso, já estás a imaginar o número de lendas que existem, não já?

As melhores lengalengas para descobrires aqui. 

FAQ's

Lendas portuguesas famosas?  
Podes encontrar aqui algumas das lendas portuguesas mais famosas, curtas e urbanas.

As lendas são verdadeiras?     
Sabias que as lendas portuguesas aliam factos históricos a factos fictícios que descrevem, por exemplo, o nome de algumas cidades? Fica já aqui uma curiosidade.